sábado, 8 de dezembro de 2007

Consciência e escolhas

Esta postagem é o extrato do livro 'A Trilha Menos Percorrida' de M. Scott Peck, best seller por dois anos na lista do The New York Times. Está relacionada ao nível de consciência e na nossa liberdade de escolha.

'Como o nascimento e a morte parecem ser lados diferentes da mesma moeda, realmente não seria absurdo que nós, ocidentais, prestássemos mais atenão ao conceito da reencarnação. Mas quer estejamos ou não dispostos a considerar seriamente a possibilidade de que algum tipo de renascimento ocorra simultaneamente com nossa morte física, está bem claro que esta vida é uma série de mortes e nascimentos simultâneos. 'Durante toda a vida devemos continuar a aprender a viver' disse Sêneca, há dois mil anos, 'e o que é ainda mais espantoso, durante toda a vida devemos aprender a morrer.' Também está claro que quanto mais longe formos na estrada da vida, mais nascimentos experimentaremos, e, portanto, mais mortes - mais alegria e mais dor.

Isso levanta a questão da possibilidade de nos livrarmos do sofrimento emocional nesta vida. Ou, em termos mais moderados, será possível evoluir espiritualmente até um nível de consciência em que a dor da vida seja ao menos reduzida? A resposta é sim e não. Sim, porque quando o sofrimento é totalmente aceito, de certo modo ele deixa de ser sofrimento. E também porque a prática incessante da disciplina leva à habilidade, e a pessoa evoluída espiritualmente é hábil no mesmo sentido em que o adulto é hábil em relação à criança. As questões que representam grandes desafios para a criança e lhe causam muita dor podem não ter qualquer importância para o adulto. Finalmente, a resposta é sim porque o indivíduo evoluído espiritualmente, como mostrarei na próxima parte, é extraordinariamente amoroso e, junto com seu amor extraordináiro, vem uma alegria igualmente extraordinária.

Entretanto, a resposta é não orque há um vazio de habilidades no mundo que deve ser preenchido. Em um mundo que precisa desesperadamente de competência, uma pessoa extraordinariamente habilidosa e amorosa não pode negar sua competência, assim como não poderia recusar comida a uma criança faminta. As pessoas evoluídas espiritualmente, devido à sua disciplina, habilidade e amor, são extraordinariamente competentes, e por isso são chamadas para servir ao mundo, e por serem amorosas respondem ao chamado. Portanto, são inevitavelmente pessoas de grande poder, embora o mundo possa considerá-las bastante normais, porque na maioria das vezes exercem seu poder de maneiras silenciosas ou até mesmo ocultas. Contuto, realmene o exercem, e ao fazê-lo, sofrem muito, às vezes terrivelmente. Isto porque exercer o poder é tomar decisões, e o processo de tomar decisão com absoluta consciência muitas vezes é infinitamente mais doloroso do que decidir com uma consciência limitada ou embotada (é assim que a maioria das decisões são tomadas, e por isso acabam dando errado).

(...)

Assim, se seu objetivo é evitar a dor e fugir do sofrimento, eu não o aconselharia a buscar níveis mais elevados de consciência ou evolução espiritual. Primeiro porque você não poderá atingi-los sem dor; segundo, porque ao atingi-los, tenderá a ser chamado a servir de maneiras ainda mais dolorosas, ou pelo menos mais difíceis, do que pode imaginar agora. Então por que evoluir, você pode perguntar. Se você faz essa pergunta, talvez não saiba o bastante sobre a alegria. Talvez você encontre a resposta no restante deste livro; talvez não.'

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